A diretora Nicole Allgranti dirigiu, fotografou e editou a culinária tradicional dos povos indígenas para o longa "Comida Ancestral Food From The Origins", em uma produção da Aboim Cinema com o FIUP – Festival Indígena União dos Povos e a Tabocas Filmes. São inúmeras etnias representadas no documentário, que contou ainda com o apoio da da Conservation Internacional.
O filme – feito sem patrocínio ou editais, com investimento, equipamentos e iniciativa das próprias parceiras que assinam a produção, entre elas Maria Luiza Aboim, Erica Rosendo, Mariana Ribeiro, Xinã Yurá Yawanawa, Nea Varinawa e Nicole Allgranti em conjunto com os povos indígenas – tem a co-direção de Môcha Noke Koi e Isaka Bari Huni Kuin.
Foram cinco anos de trabalho para registrar Cintia Flores, mestra espiritual de origem Shipibo do rio Croa; os Huni Kuin das aldeias Segredo do Artesão e Água Viva da Terra Indígena Kaxinawa da Praia do Carapanã; Yawanawa das aldeias Amparo e Mutum no Rio Gregório; Yawalapiti, Kuikuro e Mehinako do Xingu; Tupi Guarani, Guarani Mbya das aldeias Tapirema e Tabaçu Relo Ypy da terra indígena Piaçaguera; Nukini da Aldeia Recanto Verde do Parque Nacional da Serra do Divisor; Shanenawa de Feijó, Katukina da aldeia Tunya do Rio Gregório; Kariri Xocó e Fulni-ô, de Alagoas e Pernambuco.
Além de apresentar a feitura dos alimentos, como peixes preparados nas mais diversas formas, caças, palmito, beiju, caldo de pequi, sopa de pimenta e caiçumas variadas, o filme contextualiza nas vozes do professor Vinya Yawanawa; do sertanista, que também assina o argumento, Antônio Batista de Macedo; e de Sônia Guajajara os problemas de saúde enfrentados pelas etnias. Por razões como invasões de suas terras, falta de caças e a necessidade de comprar alimentos nos mercados locais, a comida atrativa do "homem branco", que incentiva o uso de açúcar e sal refinado em excesso no dia a dia dessas cozinhas indígenas, acaba sendo a opção, mesmo que adoeça muitas pessoas.
As canções entoadas nas vozes de Pinã Varinawa, Pistyani Nukini, Vinya Yawanawa, Shapo Noke Koi e Cintia Flores, entre outros nomes, também são destaque no projeto.
O filme quer estrear nos Festivais pelo Brasil e, depois, ser exibido nas TVs. "Gostaríamos muito de estar também nas telas grandes, escolas, universidades e levar a obra pra várias aldeias pelo país. Ainda procuramos investidores diretos interessados na obra e no licenciamento", afirma a diretora.